Carazinho soma mais de 100 casos e uma morte por Chikungunya

A Prefeitura de Carazinho decretou situação de emergência após a crescente nos casos de Chikungunya e a confirmação da primeira morte no município, no início deste mês. São 118 registros de pessoas infectadas até o momento, com o alerta do prefeito da cidade de que o pico de contaminação ainda não foi atingido. Para combater o problema, um comitê de enfrentamento foi estruturado.
A chikungunya é uma arbovirose cujo agente etiológico é transmitido pela picada de fêmeas infectadas do gênero Aedes. No Brasil, até o momento, o vetor envolvido na transmissão do vírus chikungunya (CHIKV) é o Aedes aegypti.
Segundo o prefeito João Pedro Albuquerque de Azevedo, a situação na cidade começou com suspeitas ainda em janeiro e com confirmações em fevereiro. O primeiro caso, acredita, foi provavelmente importado e a pessoa doente acabou infectando os mosquitos da cidade que espalharam a doença. “Os bairros mais atingidos são, o Sassi, Oriental, onde começou, e Operário. Observamos que o surto inicial acontece em casas muito próximas, pois o mosquito não voa tão distante. Mas essas pessoas que acabam picadas, muitas vezes, são de outros bairros, se deslocam, e a doença se prolifera. Assim, hoje temos casos em vários outros locais da cidade”, disse o chefe do executivo em entrevista à Rádio UPF.
O óbito de um morador de Carazinho foi o primeiro confirmado no Rio Grande do Sul em razão da doença. Conforme o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), trata-se de um homem de 68 anos, com comorbidades. A confirmação ocorreu em 04 de abril. O Cevs já havia emitido no último mês alertas epidemiológicos a respeito da confirmação de casos autóctones da doença no Estado: em 21 de março, quando foram confirmados os primeiros casos em Carazinho e em 31 de março, quando também foram identificados casos na cidade de Salvador das Missões.
Segundo a última atualização do painel “Monitoramento de Arboviroses no RS”, o estado contabiliza 142 registros da doença neste ano; 123 deles, autóctones. Em Passo Fundo, apenas uma notificação foi registrada, sem confirmação até o momento.
Pico da doença
Apesar dos mais de 100 registros até o momento, o prefeito alerta que, segundo as pesquisas do município, Carazinho ainda não atingiu o pico de contaminação. “Tem aumentado bastante os índices dia a dia. Então, precisamos ficar muito atentos. Temos atuado fortemente, praticamente com todas as secretarias de governo. Também criamos um comitê de enfrentamento, e há uma comissão formada pelos fiscais para também intensificar a fiscalização nas moradias”, afirmou, ao complementar que o sistema de recolhimento de lixo tem recebido melhorias. “Mas 80% dos mosquitos nascem nas áreas privadas, por isso pedimos para cuidarem das residências, tirarem a água parada, darem atenção às cisternas, pois, se não for assim, não conseguiremos eliminar”.
Atualmente, o município aguarda os resultados das análises de outros 89 casos suspeitos. De acordo com o prefeito, o Laboratório Central de Porto Alegre tem classificado os testes como urgência e a janela de tempo para o resultado caiu de 30 para 7 dias.
Ao anunciar o Decreto de Emergência, o gestor informou que o objetivo é viabilizar o aporte de mais recursos dos governos estadual e federal ao município, para potencializar as ações já executadas desde fevereiro. “A equipe da Saúde municipal tem trabalhado muito, com ações de conscientização, mutirões, abordagens nos bairros, fumacê e até com o uso de drones para fiscalização e identificação de potenciais focos do mosquito”, reiterou.
Sintomas
A chikungunya possui sintomas semelhantes à dengue. Além da febre de início súbito, é considerado um caso suspeito o indivíduo que também apresentar dor nas articulações (artralgia ou artrite intensa) de início agudo, não explicada por outras condições, residente em (ou que tenha visitado) áreas com transmissão até duas semanas antes de começar os sintomas, ou que tenha vínculo epidemiológico com caso confirmado.
Prevenção
Medidas de prevenção à proliferação e circulação do Aedes aegypti, com a limpeza e revisão das áreas interna e externa das residências ou apartamentos e eliminação dos objetos com água parada, são ações que impedem o mosquito de nascer, cortando o ciclo de vida na fase aquática. O uso de repelente também é recomendado para maior proteção individual.
“Temos trabalhado bastante para enfrentar esses casos, com apoio do governo estadual, mas é uma situação que depende, acima de tudo, do comprometimento coletivo de toda a comunidade”, finaliza o prefeito de Carazinho, João Pedro Albuquerque de Azevedo.
O NCIONAAL
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