Não é o primeiro e nem será o último caso, por Neivo A T Fabris. Edição de 26/9/2025.

Não é o primeiro e nem será o último caso, por Neivo A T Fabris. Edição de 26/9/2025.

Ponto de Vista. Não é o primeiro e nem será o último caso

Em crise financeira, a cooperativa agrícola mais antiga do RS acumula dívidas que alcançam R$ 500 milhões. Os holofotes da imprensa interiorana do RS se voltaram nos últimos dias aos protestos de associados pelo não pagamento dos grãos entregues. Com sede na cidade de Ibirubá, a Cotribá tem cerca de 9.500 associados e 1.400 funcionários. No balanço do ano passado seu patrimônio líquido consolidado era de R$ 174,5 milhões, R$ 63,2 milhões menor do que em 2023. Para reverter o quadro foi criado um Comitê de Reestruturação e contratado o primeiro CEO da cooperativa, Luís Felipe Maldaner. Professor universitário com extensa carreira no setor bancário, Maldaner foi diretor do Banco de Desenvolvimento do RS (Badesul).

II - Nos últimos anos, a Cooperativa Agrícola Mista General Osório Ltda (Cotribá) ampliou sua área geográfica de atuação. Abriu supermercados, postos de combustíveis e investiu numa nova planta de nutrição animal, com recursos próprios e financiamento bancários. Para tentar contornar a grave crise os gestores estão ofertando ativos. Pelo menos dois postos de combustíveis já foram vendidos e estão em negociação dois supermercados e armazéns. Dentre os possíveis interessados na aquisição de unidades de recebimento de grãos está a Olfar, de Erechim. A promessa é que os valores serão utilizados para o pagamento dos produtores. Os ajustes vão encolher a área da ação da Cotribá, com a atuação original da região do Alto Jacuí.

III - A união dos “pequenos” diante da concentração do poder econômico que marcou a segunda revolução industrial no século XIX engendrou um modelo que se expandiu da Europa para os demais continentes. No Brasil  o modelo se consolidou a partir dos anos 1930 com legislação própria e o apoio estatal. As políticas públicas de estímulo às cooperativas agrícolas e crédito também se estenderam a outras áreas econômicas. De acordo com o Sistema OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, além de agropecuária e crédito, elas estão organizadas em outros seis ramos distintos, consumo, infraestrutura, saúde, seguros, trabalho e transporte.

VI - A globalização e a abertura dos mercados verificadas nas décadas finais do século passado exigiram que as cooperativas adotassem modelos empresariais e se tornassem mais competitivas. Estudiosos apontam que para crescer muitas delas acabaram perdendo os princípios de participação e solidariedade. Foi significativo o número de cooperativas agropecuárias no sul do Brasil que faliu nas décadas de 1990 e 2000. Dentre as causas estão a alta dos juros, a abertura de importações, e a instabilidade da economia que antecedeu ao Plano Real.

V - Além da conjuntura econômica, outros problemas foram determinantes: decisões concentradas, com baixa participação efetiva dos associados; dirigentes sem preparo  técnico diante dos mercados globalizados; e não menos importante, desvio de recursos, ausência de fiscalização e endividamento sem controle. Enquanto algumas cooperativas fecharam as portas, honrando dívidas tributárias, financeiras e trabalhistas com a venda em hasta pública de seus bens, outras se fortaleceram ao combinar profissionalização e princípios cooperativos. Não por acaso Sicredi, Cresol e Unicred, e também a Aurora, Cotrijal e Coamo, para ficar com três exemplos de dois setores, são cases de sucesso.

Curtas

# Dois pedidos de providências, um pedido de informação e um projeto de lei do Executivo entraram na pauta da sessão do Legislativo getuliense na noite de quinta-feira (25).
# O pedido ao Executivo, de autoria do vereador Ademar José Rigon (PP), solicita informações de quais os servidores da Secretaria de Obras e Viação e Serviços apresentaram mais atestados nesse ano.
# O vereador da bancada governista também quer saber se existe um acompanhamento do servidor pelo agente de saúde, com referência a atestados superiores a três dias.
# E, ainda, se o servidor municipal passa por uma junta médica.
  # Faltando pouco mais de um ano para as eleições, o asfaltamento do trecho entre Erechim e Passo Fundo da Transbrasiliana volta à tona.
# A demanda foi a pauta da reunião realizada na quarta-feira (24), com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), e lideranças da região.
# O fato novo é que pela primeira vez um titular do Ministério dos Transportes tratou diretamente do assunto com uma delegação do Alto Uruguai.
# A região foi representada pelos prefeitos Vannei Mafissoni (MDB-Marcelino Ramos), presidente da Amau, Valmor Tomelero (MDB-Erebango), o ex-prefeito de Ipiranga do Sul, Mário Ceron, entre outros.
# Estiveram presentes os deputados Paulo Pimenta (PT), Denisse Pessoa (PT) e Denilson Marcon (PT), e o senador Luís Carlos Heinze (PP).
# A comitiva ouviu do ministro que a obra terá prioridade para entrar no PAC tão logo a bancada gaúcha destinar parte de suas emendas parlamentares ao projeto.
# Também será determinante que os deputados e senadores do RS coloquem a obra como prioridade no RS, com emendas na ordem de R$ 50 milhões, para uma obra orçada em R$ 580 milhões.
# O município governado por Paulo Polis (MDB) será o sexto a receber a caravana “Pelo Rio Grande - Para seguir fazendo história”.
# O certame promovido pelo MDB/RS será realizado na próxima quinta-feira (02).
# Os organizadores aguardam dirigentes e filiados de mais de 70 municípios das coordenadorias do Alto Uruguai, Grande Passo Fundo e Soledade, e Nordeste.
# Na área, as quatro regiões possuem 555 mil eleitores, com 21 prefeitos, 16 vice-prefeitos e 162 vereadores emedebistas.
# Dentre os objetivos o fortalecimento das pré-candidaturas para as eleições 2026.
# A caravana é capitaneada pelo presidente do MDB/RS, deputado estadual Vilmar Zanchin.
# No encontro, que terá início às 19 horas no Clube Caixeral, a presença do vice-governador Gabriel Souza, deputados estaduais e federais e dirigentes do partido.

 

Nas fotos - Da série "Imagens de Getúlio Vargas", a Av. Borges de Medeiros, esquina com a Av. Severiano de Almeida. Ontem e hoje.