Das bancas para a vida, por Neivo A T Fabris. Edição de 29/8/2025.

Das bancas para a vida, por Neivo A T Fabris. Edição de 29/8/2025.

Das bancas para a vida


Ao longo de sua existência, a livraria e revistaria comandada por Moacir Roque Bischoff foi o ponto de encontro dos getulienses. Distribuídas nas longas prateleiras, as publicações da Abril e Bloch, as duas maiores editoras brasileiras. A revista Realidade, e depois a Veja, eram o carro-chefe da editora fundada em 1950 por Victor Civita, descendente de judeus italianos, nascido em Nova Iorque. A Manchete era a revista líder de vendas da editora fundada no ano de 1952 pelo imigrante ucraniano Adolpho Bloch.

II - Com diferença de poucos dias, as mesmas publicações disponíveis nas bancas de ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre, para ficar apenas com seis capitais, chegavam à Livraria Ideal. Instalado numa casa de madeira, a de nº 399 da Rua Passo Fundo, hoje Jacob Gremmelmaier, o estabelecimento também vendia material escolar, de escritório e brinquedos. Das viagens regulares a São Paulo, seu proprietário trazia as novidades, dentre as quais os álbuns de figurinhas, que marcaram época.

III - Os quadrinhos ocupavam as prateleiras mais baixas, da Editora Abril, destaque para os títulos da Disney: Pato Donald, Mickey, Zé Carioca, Tio Patinhas, além dos Almanaques e os Manuais. E também as criadas por Maurício de Sousa: Mônica, Cebolinha, e seus Almanaques. A editora dos Civita igualmente detinha os direitos das criações da Warner, Hanna-Barbera, Marge e Marvel, entre outras. Com um número bem menor, a Bloch lançou alguns títulos, como a revista dos Trapalhões e o Planeta dos Macacos, além do universo Marvel.

IV - No período da construção do novo prédio, a livraria e revistaria ocupou uma sala da família Farias, na esquina das Ruas Salgado Filho e Cândido Cony. De curta duração, a filial atendeu ao lado da Foto Balzan. As  campanhas de assinaturas contribuíram para reduzir a procura das publicações nas bancas. A revolução provocada pela internet afetou também o setor e as editoras foram reduzindo os títulos. A Bloch fechou as portas no ano 2000, após mal sucedidos investimentos na TV Manchete. Em fevereiro de 2025 a Justiça decretou a falência da Editora Três, que já havia trocado a versão impressa da Isto é pelo digital. A Abril e outras editoras menores seguem no mercado, mas com um diminuto número de títulos.
V - Quando da venda da Livraria Ideal, que segue atendendo numa ampla sala na Rua Cândido Cony, o mercado editorial já estava em crise. Após mais de meio século dedicado ao comércio, a família Bischoff foi residir em Caxias do Sul. Atendendo a sugestão da filha e do genro, o casal Moacir e Nair, juntamente com a filha Nádia, se instalaram numa confortável casa às margens da Lagoa da Ibiraquera, a poucas quadras da praia com o mesmo nome, em Imbituba. Da cidade catarinense, aonde faleceu, cercado pelos seus, o seu Moacir acompanhava as notícias de Getúlio Vargas nas páginas do semanário A Folha Regional.

VI - A notícia do falecimento de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, aos 93 anos, no domingo (24), me fez lembrar da livraria e de seu dono. Ao lado do colega cartunista Ziraldo, do jornalista Tarso de Castro, e outros artistas e intelectuais, Jaguar fundou, no ano de 1969, um jornal batizado por ele de Pasquim. Com periodicidade semanal tinha um editorial irreverente, debochado e crítico. Para Getúlio Vargas a distribuidora enviava de dez a vinte exemplares, que normalmente chegavam na quarta ou quinta-feira, para logo esgotar. Diretor de redação, Jaguar era responsável por muitas das charges e também o criador de inúmeros personagens.

VII - Foi nas páginas do jornal símbolo da “imprensa independente” no Brasil, que muitos dos fatos do período foram noticiados. As entrevistas ousadas, charges, colunas de humor, caricaturas, e reflexões críticas sobre a cultura, sociedade e política, eram assinadas, além de seus diretores, por Sérgio Cabral, Henfil, Paulo Francis, Fausto Wolff, Ivan Lessa, Chico Buarque e Ruy Castro. A última edição de O Pasquim foi impressa em 11 de novembro de 1991. Desde então, sempre que possível, leio a produção literária e artística de todos eles, incluindo as de Millôr Fernandes, que conheci na 1º Jornada Nacional de Literatura. Mantendo a tradição, Suzan Pradella, proprietária da Livraria Ideal, segue comercializando livros e revistas.

 

Curtas

# A Creral, em sociedade com a Líder Energias Renováveis, empresa do Grupo Brastelha, ambas de Erechim, vendeu R$ 3 bilhões de energia no leilão A-5 do governo federal.
# O martelo foi batido na sexta-feira (22), e foi acompanhado pelos diretores das duas empresas, que se posicionaram como a maior vendedora de energia no leilão, com 11% do volume negociado.
# Das 65 usinas participantes do leilão, a Creral estava habilitada com cinco, e conseguiu vender energia de quatro.
# O negócio foi comemorado pelos dirigentes da Creral, presidida por Alderi do Prado, que classificou o resultado como excepcional.
# A Creral informou que a energia será gerada pela UHE Foz do Prata, na serra gaúcha, e três em SC, a PCH Santo Cristo, em Lages, e as PCH Gamba e PCH Malacara, em São Joaquim.
# A entrega da energia começa em janeiro de 2030, por um período de 20 anos, para nove distribuidoras do Brasil localizadas no Sudeste, Norte e Nordeste.
# Três pedidos de providências e dois projetos de lei do Executivo entraram na pauta da sessão da Câmara de Vereadores de Getúlio Vargas na noite de quinta-feira (28).
# Os projetos do Executivo pedem autorização para a contratação de dois nutricionistas e dez vigilantes, em caráter temporário e excepcional interesse público.
# Os vigilantes atuarão junto às escolas municipais em serviço de portaria, com carga horária de 36 horas semanais.
# Na justificativa do projeto de lei o registro do fato ocorrido numa escola na cidade de Estação, que vitimou um estudante e resultou no ferimento de outras 11 pessoas.
# O salário bruto mensal para o cargo de vigilante, que deverá ter o ensino fundamental incompleto, será de R$ 1.660.18, e mais R$ 498,05 por risco de vida.

 

Nas fotos - Da série “Vistas de Getúlio Vargas”