Reunião interinstitucional em Getúlio Vargas discute segurança nas escolas

Reunião interinstitucional em Getúlio Vargas  discute segurança nas escolas
Secretaria Municipal de Educação.
Reunião interinstitucional em Getúlio Vargas  discute segurança nas escolas


 

Protocolo unificado, medidas estruturais, formação continuada e corresponsabilidade parental estão entre os encaminhamentos da manhã desta terça-feira

 

A Prefeitura de Getúlio Vargas, por meio da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SMECD), promoveu na manhã desta terça-feira (22), no Salão de Atos, uma reunião ampliada sobre segurança nas escolas, com a participação de representantes das forças de segurança, direções escolares, conselhos escolares e círculo de pais e mestres. O encontro resultou em importantes encaminhamentos voltados à prevenção de violências, fortalecimento de protocolos e ampliação de ações de cuidado e acolhimento na rede municipal de ensino.

Estiveram presentes a secretária municipal de Educação, Luciane Spanhol Bordignon; a secretária de Administração, Tatiane Giaretta; o procurador jurídico do Município, Lucas Serafini; o promotor de Justiça Alexandre Vinicius Murussi; o delegado de Polícia Civil, Jorge Fracaro Pierezan; o comandante da 1ª Companhia da Brigada Militar, Major Ailton César Trindade; o Corpo de Bombeiros, representado pelo soldado Eduardo; e integrantes dos conselhos escolar, tutelar, Círculo de Pais e Mestres e gestão escolar.

Conduzido pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SMECD), o encontro buscou dar início à formulação de uma política pública permanente de proteção, que contemple ações de curto, médio e longo prazo, envolvendo toda a comunidade escolar e os órgãos de segurança”.

VOZ ATIVA DAS ESCOLAS E COMUNIDADE

      A reunião iniciou com a escuta das direções das escolas, que apresentaram ofícios protocolados com demandas concretas e relatos sobre as dificuldades enfrentadas no dia a dia. Entre os principais pedidos, destacaram-se: aumento dos muros e cercas externas, especialmente em áreas com mata ou fundos abertos; instalação de câmeras de vigilância com maior alcance e qualidade; presença de vigilantes fixos e treinados nas escolas; instalação de interfones nos portões de acesso e botões de pânico com acionamento direto à Brigada Militar e Polícia Civil; construção de antecâmaras ou áreas de triagem para controle de entrada de visitantes; aquisição de sirenes e detectores de metal; políticas públicas de contratação de psicólogos e assistentes sociais escolares; uniformização obrigatória dos alunos como forma de identificação e segurança.

     Já um pai, representante do CPM, reforçou a importância do uniforme: “É uma medida simples que aumenta muito a percepção de segurança e pertencimento”.

     SEGURANÇA: MAIS DO QUE ESTRUTURA, UMA CULTURA DE CUIDADO

     O delegado de Polícia Civil, Jorge Fracaro Pierezan, lembrou que a tragédia ocorrida recentemente em Estação se deu em uma escola bem estruturada. “Tinha portão eletrônico, portas reforçadas, mas não havia protocolo. A porta foi aberta porque o agressor era conhecido. O ataque durou oito minutos. Segurança exige preparo, não só muros”, alertou. Ele defendeu visitas técnicas a cada escola e a criação de barreiras físicas e comportamentais: “É preciso pensar como a Brigada ou a Polícia Civil: ninguém entra sem ser anunciado”. Segundo ele, segurança exige preparo técnico, análise escola por escola e treinamento contínuo.

     O comandante da Brigada Militar, Major Ailton César Trindade, reforçou que é preciso cautela na adoção de medidas e defendeu a necessidade de soluções proporcionais à realidade local. “Botão de pânico, sim, mas com treinamento. Vigilância, sim, mas com foco no acolhimento. E uma avaliação criteriosa de cada espaço: onde colocar câmeras, onde criar barreiras físicas, onde uma simples mudança de fluxo já melhora a segurança.”

O representante do Corpo de Bombeiros, soldado Eduardo, destacou a importância dos simulados de evacuação e das formações periódicas: “O botão de pânico só funciona se for acionado. Segurança começa com a preparação de todos que trabalham no ambiente escolar. Existem barreiras como portas corta-fogo que garantem proteção sem comprometer a evacuação. Mas, acima de tudo, é preciso que todos conheçam e saibam executar um plano de emergência.”

Já o promotor de Justiça Alexandre Vinicius Murussi trouxe uma abordagem humanista e contundente, destacando que “o primeiro protocolo de segurança começa em casa” e reforçou a responsabilidade dos pais. “Olhar a mochila, estar presente, cuidar da rotina e das relações das crianças é fundamental. Não podemos terceirizar tudo à escola. Professores já evitam tragédias diariamente com um simples olhar atento, com escuta ativa. Segurança também é afeto e rede.”

ENCAMINHAMENTOS PRÁTICOS

Ao final da reunião, a secretária Luciane Spanhol Bordignon anunciou os primeiros encaminhamentos:

  • Criação de um protocolo unificado de segurança escolar, construído coletivamente a partir das visitas técnicas que serão realizadas pelas forças de segurança em cada unidade escolar;
  • Elaboração de um plano de ação por escola, considerando suas especificidades estruturais, pedagógicas e sociais;
  • Implementação de formações continuadas com foco em segurança, saúde mental, escuta ativa e acolhimento;
  • Apoio à criação de projeto de lei que viabilize a obrigatoriedade do uso de uniformes escolares na rede municipal.

“A escola é o lugar onde nos tornamos humanos, especialmente ao conviver com o diferente. Segurança não se faz apenas com muros altos, mas com cuidado, formação e política pública continuada”, afirmou Luciane.

A iniciativa foi elogiada por todos os presentes, que reforçaram o compromisso com o trabalho em rede. “Não é hora de pânico, é hora de prevenção, parceria e corresponsabilidade”, sintetizou o promotor Alexandre.

A SMECD deve, nos próximos dias, convocar novas reuniões para apresentar os esboços do protocolo de segurança e detalhar os próximos passos da construção coletiva.