Imprensa - Os periódicos em alemão e suas contribuições

Imprensa - Os periódicos em alemão e suas contribuições

Imprensa - Os periódicos em alemão e suas contribuições

Jornais foram a principal fonte de informação de comunidades alemãs entre os anos 1860 e 1940, ajudando-as a se situar e se consolidarem no Brasil

 

Em 24 de março de 1883, o jornal Germania, periódico em língua alemã editado na cidade de São Paulo, publicou uma lista intitulada “Dez mandamentos para emigrante”, com conselhos para os alemães que chegavam ao Brasil. Dentre eles: “Você deve suportar com paciência os primeiros reveses e dificuldades”; “Você deve manter os olhos bem abertos para não ser enganado por falsos amigos”; “Você não deve permanecer muito tempo na cidade, mas seguir rapidamente para o campo para trabalhar”; e “Você deve fazer o máximo possível para aprender a língua do país”.
Na medida em que comunidades alemãs foram se estabelecendo no Brasil, jornais foram sendo criados como suas principais fontes de informação - trazendo orientações para os imigrantes recém-chegados. Nas suas pautas eram destacados assuntos como regras e normas, notícias nacionais e internacionais, agenda social, dicas de saúde, entre outros. Jornais, revistas e almanaques também eram editados na língua italiana, polonesa e espanhola.
Só na língua alemã houve mais de 250 títulos, editados principalmente na região sul, ao longo de quase um século, entre 1850 e 1941, quando foram proibidos pelo Estado Novo. Os periódicos integram o acervo de hemerotecas de instituições públicas e privadas, dentre as quais a Biblioteca Nacional, e muitos deles podem ser acessados online. É fonte permanente de consulta de pesquisadores das mais diferentes áreas do conhecimento.
Além de manter os laços culturais, religiosos, os jornais em alemão, e também em outros idiomas, contribuíram para que os imigrantes se situavam na nova pátria. Nas suas páginas, o registro das condições de vida das comunidades, seus avanços e também as das dificuldades e problemas, muitos dos quais com as autoridades locais.
Muitos dos títulos em alemão, italiano e polonês eram criados e mantidos por igrejas. Eles recebiam o apoio financeiro de comerciantes locais e de associações. Os recursos para sua manutenção era resultado de campanhas de assinaturas e também de subvenção dos respectivos consulados. As artes gráficas se expandiram com os jornais e ainda imprimiam talonários fiscais, calendários, almanaques, cartazes, agendas, cadernos e outros.
Os periódicos refletiam costumes e eventos culturais, expondo assim a produção literária, musical, teatral e operística que existia nas colônias alemãs. Havia espaço também para traduções da literatura brasileira, conta a pesquisadora, como folhetins apresentando José de Alencar aos imigrantes ou seus descendentes. De igual modo, da literatura universal.