Metodologias de Extensão Rural e Social acompanham o tempo e se adaptam às mudanças

Metodologias de Extensão Rural e Social acompanham o tempo e se adaptam às mudanças
Foto: Arquivo Emater/RS-Ascar

Desde sua criação, a Emater/RS-Ascar tem como compromisso a melhoria da qualidade de vida das famílias que vivem no meio rural, promovendo a inclusão social e produtiva e o desenvolvimento rural sustentável. Um dos focos desse trabalho é a Extensão Rural e Social, cuja metodologia passa por transformações ao longo do tempo, reflexo das mudanças sociais, econômicas, tecnológicas e ambientais.

Nas décadas de 1950 e 1960, a Extensão Rural e Social do Rio Grande do Sul seguia um modelo de transferência de tecnologias e saberes técnicos do extensionista para o agricultor. O objetivo era aumentar a produtividade e modernizar a agricultura. Essas práticas ocorreram durante a chamada Revolução Verde.

No final da década, em 1969, foi criada, no Escritório Central, a Área de Comunicação da Emater/RS-Ascar, divulgando as ações de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters), prestada pela Instituição.

Década de 1970, mais precisamente em 1977, foi criada a Unidade de Metodologia e Comunicação (Unimec), subdividida em setores especializados: de Rádio e Jornal (Serj), de Audiovisuais (Seav), de Metodologia e Estratégia (Seme) e o Setor Gráfico (Segraf). Nesta ocasião, foram também montadas sete Unidades Móveis (Kombis), com equipamentos completos de projeção e som, que foram interiorizadas em Escritórios Regionais para dar apoio logístico em eventos realizados pelos Escritórios Municipais.

Em agosto de 1979, foi criada a publicação semanal Cotações Agropecuárias, que divulga os preços recebidos pelos produtores do RS.

PARTICIPAÇÃO
Com o tempo, nos anos 1980 e 1990, surgem novas abordagens participativas, que escutem o agricultor no processo de desenvolvimento. A escuta ativa, o respeito ao conhecimento tradicional e a valorização da cultura local ganham espaço nas ações extensionistas, abrindo caminho para metodologias, como o Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e o Planejamento Participativo.

Foi em 1982, durante o chamado Projetão, que a Área de Comunicação da Emater/RS-Ascar produziu o áudio do Curso intitulado "Árvore é vida". O Curso originalmente é composto pelos suportes diapositivos, áudio em fita K7 e roteiro impresso. Foi realizada conversão para mídia digital de todos os suportes e faz parte do Projeto de Preservação Digital da Memória Documental da Extensão Rural Gaúcha, firmado no ano de 2018, entre Emater/RS-Ascar, através da Biblioteca Central, e o Centro de Documentação e Acervo Digital da Pesquisa (Cedap/Ufrgs).

Em 1987, é realizado o primeiro Repensar da Emater/RS-Ascar e, após, começa a ser discutida uma revisão na proposta metodológica de Aters.

O Informativo Conjuntural é outra ferramenta publicada semanalmente utilizada pela Emater/RS-Ascar desde 1989, reunindo dados setoriais da agropecuária, relacionando produção, preços e clima, além de análises de mercado e perspectivas de safra. Inclui monitoramento de hortigranjeiros pela Ceasa/RS e dados meteorológicos e prognósticos semanais da Seapi/Simagro.

AÇÃO MULTIDISCIPLINAR
O extensionista aposentado, Francisco Manteze lembra, nostálgico, dos primeiros passos da metodologia participativa no desenvolvimento rural sustentável. "Projetos em Viamão e em Santo Antônio da Patrulha marcaram o início das capacitações com o Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e o uso de visualização móvel. Uma época de aprendizado coletivo, troca de experiências e muito trabalho em campo. Gratidão a todos que fizeram parte dessa história", observa Manteze, ao lembrar que o DRP passou a ser aplicado em todos os municípios do RS em 1999.

A partir dos anos 2000, com as políticas públicas voltadas para agricultura familiar e o fortalecimento de temas como agroecologia, segurança alimentar e inclusão social, a Extensão Rural e Social prestada pela Emater/RS-Ascar se reestrutura mais uma vez. A Instituição passa a adotar uma abordagem sistêmica e multidisciplinar, articulando saberes técnicos, ambientais, sociais e econômicos para promover o desenvolvimento rural sustentável.

Foi em 2005 o lançamento do Livro 50 Anos da Extensão Rural no Rio Grande do Sul, um marco na história da Emater/RS-Ascar. Em 2014, é lançado o Guia Prático das Ações Sociais da Emater/RS-Ascar e, em novembro de 2022, reinaugurada a Biblioteca Engenheiro Agrônomo Beto Pires Dias, no Escritório Central, em Porto Alegre, a única biblioteca voltada à Extensão Rural e Social no RS e referência nacional.

A PRESENÇA TECNOLOGIA
Com a presença da tecnologia digital, a partir de 2010 a inovação passa a ser incorporada na Instituição, ampliando o alcance dos serviços. O extensionista passa a atuar como facilitador do conhecimento em redes, promovendo a inovação colaborativa. A Emater/RS-Ascar, através das tecnologias digitais, aproxima o campo do conhecimento técnico e dos mercados, sem perder de vista os princípios da sustentabilidade e o incentivo à permanência dos jovens no meio rural, com acesso à internet e à comunicação.

As metodologias de Extensão Rural e Social se tornaram híbridas, mesclando encontros presenciais e virtuais, à distância, potencializando o alcance do conhecimento e incentivando práticas mais sustentáveis de produção, em consonância com as inovações e tendências de mercado.

"Apesar de todo o avanço tecnológico, como ferramentas digitais, drones e outras inovações, ainda é muito comum encontrarmos famílias que não têm acesso a essas tecnologias", comenta a extensionista e coordenadora estadual dos Centros de Treinamento da Emater/RS-Ascar, Angelisa da Silva Silveira.

Segundo ela, as metodologias que foram utilizadas nos anos 1950 e 1960 ainda são necessárias, porque no meio rural há realidades diversas, muitas famílias agricultoras não possuem acesso à internet. "Nesses contextos, precisamos recorrer a metodologias mais tradicionais, presenciais e, principalmente, às metodologias participativas, que escutam, respeitam e constroem junto com o agricultor. Porque mais do que levar tecnologia, nosso papel é levar conhecimento para o desenvolvimento humano, a inclusão e a cidadania", avalia a extensionista.

Neste ano de 2025, quando a Ascar celebra 70 anos de atuação no Rio Grande do Sul, a Emater/RS-Ascar segue inovando, utilizando ferramentas digitais, plataformas colaborativas, redes sociais e aplicativos para ampliar o acesso à informação e promover o diálogo com as famílias rurais, respeitando a diversidade dos públicos atendidos.

Entre o ontem e o amanhã, a inovação não está só na tecnologia como metodologia. O presente da Extensão Rural e Social segue em conectar pessoas, transformar realidades e buscar plantar conhecimentos, cultivar autonomia e colher dignidade.




Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar