Especial: A indústria cervejeira no Rio Grande do Sul - Parte 1

Especial: A indústria cervejeira no Rio Grande do Sul - Parte 1

A origem


A indústria cervejeira está associada à imigração alemã para a província do Rio Grande do Sul no ano de 1824. A produção para o consumo da família se disseminou pelas colônias. Dados oficiais apontam a existência de seis cervejarias no ano de 1853, em São Leopoldo.
De acordo com estudos realizados por Sandra Jatahy Pesavento, a primeira indústria cervejeira foi instalada em Porto Alegre, no ano de 1873, pelo imigrante alemão Friedrich Christoffel.
Seis anos após entrar em operação, a fábrica de Friedrich Christoffel produzia um milhão de garrafas anualmente. O empresário importava garrafas, lúpulo e malte da Alemanha. Em 1878, também na capital, Adolpho Kauffmann e Bernardo Sassen instalaram suas cervejarias. Nas duas décadas seguintes, Porto Alegre contava com treze fábricas de cerveja, dentre as quais a de Karl Boop, Antônio Campani e Heinrich Ritter.

 

Melhorias na produção

 

Para aprimorar a produção, os empreendedores contrataram mestres cervejeiros. Heinrich Ritter mandou seus filhos estudarem em São Paulo e Munique, no Instituto de Cervejaria, e, posteriormente, os incluiu na sociedade. Um dos filhos, Georg Heinrich Ritter, fundou uma cervejaria em Pelotas.

As regiões de colonização alemã, como Novo Hamburgo, Santa Cruz do Sul e Dois Irmãos, também contavam com indústrias locais. De igual modo, as cidades de Rio Grande e Jaguarão.
Das treze indústrias existentes em Porto Alegre na passagem do século XIX para o XX, somente seis ainda estavam em atividade no ano de 1915. Neste período, Caxias do Sul contava com duas empresas do ramo: Leonardelli & Cia, produzindo cerveja, e Leonardelli & Irmão, produzindo cerveja, gasosa e água de soda.

A região de colonização italiana também produzia cerveja, mas em menor escala. Garibaldi contava com três estabelecimentos, e Bento Gonçalves quatro: José Enriconi, Augusto Pozza, J. Batista Piazza, e Justo Damim.
Se valendo da navegação de cabotagem,  a Antártica e a Brahma, de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, entraram no mercado do RS, fazendo forte concorrência com a indústria local. Assinado o Tratado de Versalhes, que pôs fim a grande guerra, as cervejeiras do Rio e São Paulo decidiram pela expansão. E o RS estava nos planos.

 

Há um século

 

A concorrência, aliada ao aumento dos tributos, foi determinante para a fusão das três maiores cervejarias locais. Em 1924 surge a Continental, fruto da união da Bopp & Irmãos, Bernardo Sassen & Filho e H. Ritter. A planta industrial foi instalada na sede da Bopp, na Av. Cristóvão Colombo, onde hoje está o Shopping Total. Um decreto federal editado no ano de 1933 estendeu vantagens às cervejarias.

Um estudo realizado no ano de 1937 mapeou as cervejarias em atividade no Estado. Quarenta cidades contavam com indústrias de cerveja e refrigerantes, e muitas delas com mais de uma unidade. Da região do planalto e norte do RS figurava as seguintes cidades: Carazinho (2 fábricas), Cruz Alta (5), Getúlio Vargas (1), José Bonifácio, posteriormente Erechim (3) e Passo Fundo (4). De acordo com o levantamento, a cervejaria instalada em Getúlio Vargas tinha um capital de 350:000$ (contos de réis), 16 operários, força motriz de 32 HP e seu valor de produção era de 192:500$. As três fábricas de José Bonifácio possuíam, no total, um capital de 125:000$, 16 operários, força motriz de 36HP e o valor de produção 245:500$.

 

A produção de cevada e as maltarias


Para fugir da dependência, a Cervejaria Continental passou a incentivar a produção de cevada cervejeira. Além da distribuição de sementes, a empresa garante a aquisição do grão. A área cultivada em 1934, o mesmo ano da emancipação de Getúlio Vargas, alcançou 8.480 hectares no RS. Com a matéria-prima necessária, a Continental inovou ao instalar uma maltaria, a primeira de outras que seriam implantadas. A iniciativa incrementou a produção da bebida e diminuiu os custos de produção.