Especial: A indústria cervejeira no Rio Grande do Sul - Parte 2.

Especial: A indústria cervejeira no Rio Grande do Sul - Parte 2.

O pioneirismo de Alexandre Bramatti


O industrialista Alexandre Bramatti nasceu na Comune Di Vaprio D'Adda, próxima de Milão, na Itália, em 24 de março de 1879, e faleceu na cidade de Getúlio Vargas, no dia 08 de setembro de 1947. Com a esposa Emília Tasson, o casal teve dez filhos. No ano de 1912, Alexandre Bramatti e João Cora se estabeleceram, em Passo Fundo, com comércio de fabrico de cerveja e gelo. Três anos após, a Cervejaria Bramatti & João Cora foi vendida e passou a se chamar Cervejaria Serrana Ltda.
Em março de 1917 a Cervejaria Serrana registrou, na Junta Comercial da Capital Federal (RJ), as marcas da cerveja Creoula e Serrana, de Bade Irmãos & Barbieux. Instalada na cidade de Passo Fundo, a indústria de bebidas atendia a demanda no consumo de toda a região.
Como era comum na época, as garrafas de cervejas eram acondicionadas em caixa de madeira e para o transporte mais longo o vasilhame era empalhado com palha de cevada. O grosso da produção de cervejas e refrigerantes da Serrana era realizado pela ferrovia. O complexo industrial foi adquirido pela Cervejaria Brahma, que também comprou a Continental, em Porto Alegre.

Para atender a demanda da próspera região ao Norte de Passo Fundo, Alexandre Bramatti deu início a um novo empreendimento no 2º Distrito de Erechim, atual cidade de Getúlio Vargas: a Cervejaria Irmãos Bramatti Ltda. A empresa, instalada no número 673 da Rua Guaíba, posteriormente rebatizada com seu nome, foi a precursora da Cervejaria Serramalte.

 

Cervejaria e Maltaria da Serra Ltda.

 

Em janeiro de 1953 surge na cidade de Getúlio Vargas a Cervejaria e Maltaria da Serra Ltda. Sua sede foi instalada na antiga indústria da família Bramatti (foto capa). A empresa era dirigida por Plácido Scussel (diretor), Luiz Bramatti (diretor técnico) e Romeo De Nardi (sub-diretor). O empreendimento teve o suporte técnico do cervejeiro Bernardo Kokemper. Com os equipamentos instalados a produção de malte teve início no ano de 1954 e nos quatro anos seguintes a produção era vendida para cervejarias do centro e norte do Brasil. No dia 24 de junho de 1957 a empresa apresentou ao mercado sua primeira cerveja, que recebeu o nome de Serramalte.

 

O controle acionário da Serramalte é adquirido pela Antarctica


Na década de 70 do século passado, a Cia Antartica Paulista e a Brahma iniciam a compra de cervejarias menores em diferentes regiões. Em 1980, a Antarctica adquire o controle acionário da Cervejaria Serramalte, assumindo, além da indústria de Getúlio Vargas, a filial da Serramalte instalada na cidade de Feliz (RS).
A expansão do setor de bebidas, em especial o cervejeiro, nos anos de 1980 teve reflexos na expansão da produção e investimentos. A planta industrial da Antarctica em Getúlio Vargas passou por um processo de modernização e toda a força produtiva direcionada para a fabricação da cerveja Antarctica Faixa Azul.
Em 1999 foi anunciada a fusão entre as concorrentes Antarctica e Brahma, impactando o mercado.
O anúncio da criação da AmBev no dia 1º de julho de 1999, fruto da fusão da Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma, surpreendeu o mercado. O negócio resultou na formação da terceira maior cervejaria do mundo e a quinta maior no cenário internacional, mas foi necessária a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 

Bavária e Kaiser: o fechamento da indústria local


Para impedir o possível monopólio da gigante AmBev, o Cade exigiu a venda da marca Bavária. E ainda impôs a venda de cinco fábricas da AmBev, uma de cada região brasileira. Dentre as unidades colocadas à venda estava a de Getúlio Vargas. A marca Bavária e as fábricas foram adquiridas pela canadense Molson, que assumiu o controle da cervejaria de Getúlio Vargas e passou a produzir a Bavária.
Estruturada no mercado brasileiro, a Molson acabou adquirindo a cervejaria Kaiser e, num curto período, a empresa colocou em prática sua estratégia, que incluiu o fechamento de três unidades: Getúlio Vargas, Divinópolis (MG) e Camaçari (BA). Dentre as justificativas, uma maior eficiência logística, redução de custos e fretes, ganhos de escala e aumento da produção.
No dia 20 de junho de 2002 os trabalhadores da Bavária em Getúlio Vargas foram surpreendidos, ao chegarem à empresa, pela presença de seguranças. Informados do encerramento das atividades foram orientados a procurar o departamento de pessoal para a rescisão. Haviam alguns postos de trabalho em outras unidades para os interessados. E, por fim, foi oferecido o chamado “pacote de benefícios”, que incluía consultoria especializada para os que quisessem se aventurar num negócio próprio.