Getúlio Vargas 90 Anos – Crônica de Heitor José Filippon

Getúlio Vargas 90 Anos – Crônica de Heitor José Filippon

Max Padaratz, o Pioneiro - Por Heitor José Filippon. A Voz da Serra Getúlio Vargas, 10 de novembro de 1995.

 

Quando a história da industrialização de Getúlio Vargas for escrita ou contada, não esqueçam de reservar um belo espaço para Max Padaratz, o pioneiro da nossa industrialização. Também, um obstinado empreendedor. Além de criar cinco empresas, colaborou na fundação e manutenção de vários empreendimentos comunitários. Max era filho de imigrantes alemães. Nasceu em Blumenau, Santa Catarina.
Ainda jovem, inquieto, mudou-se para o Rio de Janeiro, depois para Porto Alegre e mais adiante para Novo Hamburgo. Em 1914, já casado, com muita coragem, algum dinheiro e uma satisfatória experiência profissional, chegou na nossa cidade onde viveu até o fim da sua vida. Logo construiu e montou o Curtume Padaratz (hoje Rio Grandense). Na época, um prédio de madeira. Como não tinha energia elétrica, a indústria era movida por uma locomovel a vapor marca Lantz, importada da Alemanha.
Algum tempo depois, Max e seus empregados celebraram festivamente a chegada de uma rachadeira e uma máquina de medir couros marca Turner, também oriundas da Alemanha. Estas duas últimas prestaram bons serviços até poucos anos atrás. Já que seu curtume produzia a principal matéria prima, Padaratz montou sua segunda indústria. Uma selaria e fábrica de calçados. Localizava-se na Av. Severiano de Almeida, nas imediações da hoje Farmácia Vidal. Lá fabricava selas, arreios, chinelos, tamancos, botas e sapatos. Esta indústria mantinha uma filial de vendas em Livramento.
Sua terceira indústria foi uma fábrica de goma-laca, matéria prima extraída do pinheiro e, na época, largamente utilizada no processo de acabamento de móveis. Localizava-se onde hoje está o Sandri. Seu quarto empreendimento foi uma loja localizada no distrito de Floriano Peixoto. Sua última criação industrial foi a Madeireira Getuliense, com serrarias em Sertão, Sananduva, Bom Jesus e Campos Novos (Paraná).
A Madeireira Getuliense teve grande projeção e importância regional, exportando regularmente parte da sua produção. Max era alegre, brincalhão, correto em seus negócios, amigo dedicado e getuliense por opção.
Ficou a figura do homem dinâmico, realizador e que tinha uma extraordinária visão de negócios. Recordo, também, seu lado pitoresco. Talvez, folclórico. Quando já velho, andava pela cidade em seu automóvel gesticulando e falando sozinho. Um dos primeiros getulienses a receber um telefone, ainda inexperiente, dizem que certa vez, ao solicitar uma peça por telefone, afirmou: “Me manda uma peça deste tamanho!” Largou o telefone, e com as duas mãos mostrou-lhe as medidas. Bondoso e ingênuo, certa vez pediu ao meu pai (Abrilino Filippon) que lhe indicasse um determinado técnico para seu cortume.

Alguns meses depois, Max disse ao meu pai que o seu indicado era excelente. E como recompensa estava à disposição em sua fábrica, dois pares de calçados. Um para meu pai e outro para minha mãe. Se fosse possível hoje alguém telefonar para seu Max, ele, do outro lado da linha, com certeza diria com seu inconfundível sotaque alemão: “Fala Max Padaratz”! Ainda, Max Padaratz nos deixou seu filho Olavo. Médico dedicado. Humano e simpático. Também, um grande memorialista.